Meus dias estão escuros, sem a menor possibilidade de um nascer do sol.
Ando triste demais, triste comigo, triste com os outros e triste com a vida.
Sinto que me afundo diariamente em uma dor agonizante que me faz querer gritar, chorar, e aos prantos ir apagando até deixar a minha existência na memória daqueles que me amam e que eu amo.
A minha batalha diária é contra a vontade de deixar de existir. Eu luto com a covardia de não conseguir sozinho por um fim em tudo isso. Luto contra a minha vontade de inexistência, com a minha constante sensação de frustração e de ser um nada.
Hoje não sou mais filho, não sou mais irmão, e sinto cada dia mais que nem amigo eu sou.
Estou cheio, cheio de ódio, de tristeza, de controle e principalmente de descontrole.
Hoje eu queria estar escrevendo pela última vez, mas sei que não será, porque eu não consigo assumir a responsabilidade das consequências do que vem depois do meu ato final, se é que tudo tem mesmo um final.
Eu só queria ser como as outras pessoas. Ser mais grato, mais feliz e mais animado, mas os meus dias não são assim, as cores não me alcançam, e os sorrisos não me preenchem mais.
Hoje a dor de ser nada me preenche. Hoje eu sei que nada do que fiz até agora foi o suficiente, e não consigo enxergar a possibilidade de estar melhor.
Eu quero não existir. Eu quero poder não ser mais essa dor ambulante e esse fardo pesado de tristeza e frustração.
Eu não sou mais, e não aguento mais não ser.
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